domingo, 31 de julho de 2011

FOTOGENIA

Aos pedaços, montado,
Alegrias em remendos
Sorriso instantâneo
Olhar magnânimo


Saltitantes passos
Euforias aparentes
Da tarde,o poente
Respirar aliviado


Impreciso mosaico
A dedo selecionado
Colcha de retalhos
Vitrais colados


Formando um todo
Em partes fracionado
Buscas de luz
Retrato ensaiado...



quinta-feira, 28 de julho de 2011

BRINCANDO DE VIVER

Afirmo, não refuto
Às vezes, irresoluto
 Busco deleites na ficção
Entretido com a ilusão


Subvertendo os fatos
Invertendo os atos
Dando ritmos e graça
Que o real rechaça


Segredos intramuros
Luzes nos escuros
Cores ao pálido
Ascos ao cálido


Insosso viver
Perecer, sofrer
Melhor colorir
Fantasiar, florir...

domingo, 24 de julho de 2011

À SOMBRA DO NADA

Volto aos versos
Alcoólatra aos drinques
Palavras em vícios
Feito entorpecentes


Tingindo de cores
Telas insípidas
Manhãs corriqueiras
Tardes amenas


Cinicamente vendo
A vida decantada
Sumindo na poeira
Ampulheta dos tempos


Enredos previsíveis
Insensíveis apelos
Escrevo, desdenho,
Na dúvida  se creio...



sábado, 23 de julho de 2011

ROGOS

Meditações nas lágrimas
Corações doridos
Apelos, em lástimas,
Evocações em pedidos


Confissões sentidas
Adultos crianças
Preces benditas
Aneladas bonanças


Instantes mágicos
Fortes e fracos
De joelhos, estáticos,
Assemelham-se, cordatos


Luzes cintilam
Almas sofridas
Bênçãos rutilam
Nas preces aflitas


A alguns, o pão
Carências exprimidas
A outros, o perdão
Do Pai, mãos estendidas...



NECROLÓGIO

Dado o derradeiro instante
Doador, serei, involuntário
Aos vermes a carcaça errante
Inanimado seguirei solitário


Tão só, como jamais estive,
Sem tergiversos à solidão
Figuras de retóricas obtive
Pobres rimas em lamentação


Cônscio ou lunático,
Em verdade desconfiava
Das alucinações, errático,
Do juízo que me escasseava


E, na confusão das gentes,
Tresloucadas como eu,
Cá passei entre indiferentes
Mais um , no necrológio, que morreu...



sexta-feira, 22 de julho de 2011

PASSOS DO TEMPO



Na ampulheta a vida passa
Não há inúteis espaços
Célere, rotinas trespassa
Tempo se esvai  em pedaços


Infância, colorida  e leve, 
Na maturidade se esgarça
Brincadeiras, lembrança breve
Migratórias ilusões, voos de garça


Ande, que andar é o destino
De todos que remam neste mar
Labutam e sonham como um menino
Esperançosos a se aventurar... 





segunda-feira, 18 de julho de 2011

DORES EM FLORES

Versos esperançosos
Lenitivos às dores
Compassos etéreos


Leves brisas, bolhas de sabão
Suaves aromas
Perfumados deleites


Urdidos em leituras intrínsecas
Fustigados, ousados, sofridos,
Almas doces, fujam arrepiadas !


Belezas donde trazidos
Fontes,martírios sutilizados,
Aflições, doridas inspirações


Antes sofreres
Cruciantes, sublimados
Em lâminas cegas esculpidos


Transmutados, ressurgidos,
Em olhos sensíveis
Flores em beijos, ofertados...

domingo, 17 de julho de 2011

SENTIDOS OPOSTOS

Na negação, amiúde,
Expondo emoções
Lembrando a morte
Enaltecendo a vida


Na doença
A saúde
Em dores
As alegrias


Poetas e escritores
Melodramáticos
Valem-se das trevas
Salientando a luz...



sábado, 16 de julho de 2011

E S C R E V E R

não sejam
charadas
labirintos

tampouco
óbvio,
presumido

liturgia
adornada
no simples

apreensão
do etéreo
mistérios

sussurros
ruídos
sons dos ventos...

terça-feira, 12 de julho de 2011

PLATÔNICO DESVARIO

Como dói este sentir enclausurado em si mesmo, 
murmurado, antes soluçado, asfixiado pelo desejo
e encantamento, a arrastar-nos, por vezes,
 em precipícios, silenciando a fogo 
a consumir-nos por inteiro…


E pensar que a inspiração chegou-me
das dores lamentadas por um poeta antigo
cujas lágrimas permanecem e incendeiam
revivendo sua física ausência
as verdades cruciantes
de suas dores trazidas...


Antes, bem além destes tempos,
Corações apaixonados desdobraram
E na mudez dos sentimentos represados
Lograram vida, imortalizando sensações...

sábado, 9 de julho de 2011

DORES DE AMOR

Importa menos
O nome dela ou dele
Às dores pretextadas

Buscando culpados

Dos amores sofridos
Em alheios ombros

Transferência indevida 
Razões dos desenganos
Dando  forma e sentido

Antes figurantes
De dramas íntimos
Intrínsecos, doloridos

Na incompreensão da dor

A  perda lamentada
Revela antes, a si mesmo...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

LÁGRIMAS CANTADAS

Das dores cantante
Sobraçado à viola
Suplicada,murmurante


Amores esvaídos
 Decantados,lembrados
Devaneios doloridos


Companheiro instrumento
Das mágoas, cúmplice
Extensão de seu lamento


Em duo
lembrares anelos
Revivem emoções


Gemidos em versos singelos
sentimentos, de penar arduo
Confrangem corações...



quinta-feira, 7 de julho de 2011

SE...

Não fora a condicionante
Então possível seria
trocar o tédio dos dias
Em sonhos e magias


Realidades permutadas
Nos coloridos dos pincéis
Adornando em formas
Belezas idealizadas


E esta azáfama aturdida
Reboliços de cada dia
Não dominariam impositivas
Esquecidas por aborrecidas


Se assim fosse, todavia,
Qual distinção haveria
Entre as duas situações
O real e as fantasias ?...





terça-feira, 5 de julho de 2011

LIBERTAÇÃO

Leve tudo de seu
O que lhe pertence
E mais o que quiser

Leve as marcas
Sua presença na ausência
Lembranças e detalhes

Não esqueça o vazio,
As saudades, dor atroz,
Esquecido passado,

Talvez então te perdoe
De você a falta
Aguda, doída, que me faz...

domingo, 3 de julho de 2011

ARREMEDO DESAFINADO


não canto o amor,
por não sabê-lo, 
arremedo de poeta
(sem sê-lo)

enalteço a dor
musa esquecida
destilando fel
(lira aborrecida)

nas contradições
adversas palavras
dicotômicas, opostas,
(trocadilhos em fundilhos)

antes alma penada,
 desajuízada
mesclando sonhos
(em pesadelos)

música de um tom só
chinfrins entonações
talvez a nota dó
(verbais destrabelhos)...