MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
sábado, 29 de agosto de 2009
I M A G I N A Ç Ã O
tudo é névoa colorida
na mente imaginativa
paisagens diversas
de onde se encontra
se manifesta
aos sabores dos devaneios
inteiras aventuras
torturas e vertigens
alegrias ou tristezas
tudo pode na viagem
passageiros do pensar
alçarmos voos delirantes
assomarmos alturas imensas
entrarmos no olho do furação
velejarmos em mares bravios
singrarmos os ares do infinito
visitarmos estrelas e planetas
palhaços no espaço em piruetas
e voltarmos ao nosso mundinho
criado, plasmado, em simples
rascunhos numa folha de papel...
... brincadeiras que o imaginar conduz...
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
V O A N D O *
neste instante me visita
doce branda quietude
ouço ao fundo o violão
sem cantos, apenas sons
sensações chegam emotivas
minha mente se despreende
de minha matéria passiva
ausências em torvelinhos mansos
doces lágrimas salgam meu rosto
lavam o corpo suavizam a alma
deixo-as espalhar dos olhos pela face
não reprimo o meu sentir, evadir
talvez na inquietude de asas de um colibri
anseia partir deste escafandro a me reter
no poço de meu íntimo, em labirinto, anseio
olhar o infinito anelando voos amargando a prisão
desterro de meu Ser em plagas estrangeiras
neste refletir que ao além me demanda
trazendo-me, a contra-gosto, à posse de mim
lembrando compromissos, rotinas, cotidiano
meu colibri bateu suas asas frenéticas
minhas ilusões cairam na realidade
em surda e muda constatação
eu sou o meu próprio cárcere...
...momentos há em que a porta da imensidão torna-se irresistível...
doce branda quietude
ouço ao fundo o violão
sem cantos, apenas sons
sensações chegam emotivas
minha mente se despreende
de minha matéria passiva
ausências em torvelinhos mansos
doces lágrimas salgam meu rosto
lavam o corpo suavizam a alma
deixo-as espalhar dos olhos pela face
não reprimo o meu sentir, evadir
talvez na inquietude de asas de um colibri
anseia partir deste escafandro a me reter
no poço de meu íntimo, em labirinto, anseio
olhar o infinito anelando voos amargando a prisão
desterro de meu Ser em plagas estrangeiras
neste refletir que ao além me demanda
trazendo-me, a contra-gosto, à posse de mim
lembrando compromissos, rotinas, cotidiano
meu colibri bateu suas asas frenéticas
minhas ilusões cairam na realidade
em surda e muda constatação
eu sou o meu próprio cárcere...
...momentos há em que a porta da imensidão torna-se irresistível...
SORRISOS & LÁGRIMAS *
as emoções manifestas
sorrisos e lágrimas
às vezes simultâneas
noutras adversas
há no riso cordialidades
nem se pode dizer
que seja raro
parte das trivialidades
ele é sucinta palavra
cortesia e aquiescência
quase um aceno
amabilidade demonstrada
as águas vertidas
são mais raras
ocultas, discretas
mesmo alegres, refletidas.
sorriso é consideração
sempre aparente
resume cumprimentos
acena satisfação
lágrimas expoem dores
nuances, emoções,
dulcificam amenizam
íntima em alegrias e dissabores...
...manifestações que sinalizam nossos humores...
domingo, 23 de agosto de 2009
D O R E S *
dores filtrando
retirando impurezas
purificando a beleza
contida em verdades
há sensibilidades
desnuda de vaidades
lágrimas vertidas
reflexões da vida
no sofrer e padecer
Seres esmerilham
discernem as ilusões
esculpem seus espíritos
no ranger de dentes
encontra-se somente
o humano criança
na ânsia da redenção..
... as dores são ferramentas da beleza, do amor...
COMPENSAÇÕES *
nesta cantiga triste
amarguras
são ternuras
pedras pontiagudas
feridas
algodões em nuvens
lágrimas incessantes
lamentos
risos permanentes
fel em taças
sorvidos
em goles de alegrias
as trevas intensas
expulsas
no clarear de cada dia
viver tristonho
contratempos
anedotas gargalhadas
morrer, partir,
renascer
ressurgir...
...a vida é entremeada, tristezas e alegrias, mesclam-se em nossos dias...
sábado, 22 de agosto de 2009
S A B E D O R I A *
como tumultuadas ondas
que me levavam
serenaram
a pressa do incontido
Contida em passos
tranquilizados
Superiores ares
humilharam se
humarizaram
em meus dias
iras Soberbas
São passados
restaram-me Angústias
apaziguadas
na sabedoria do tempo ...
... lições vividas, vida da escola, não aprendida tempo ...
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
MÁSCARAS *
bailamos com nossas imagens
arsenal de disfarces e ritos
como nos apresentamos
celebramos as cerimônias
em mesuras programadas
em risos previsíveis
e, diante a nós, à sós,
maquiagem retirada
cara limpa, lavada
sem fugas, artíficios
sem neons e frenesis
somente o íntimo
desnudo, implacável
ainda podemos fugir
nos anestesiar
rir, dançar, cantar,
acreditar na fugaz alegria
embriagados ressonarmos
mas, se insistirmos,
arriscarmos nas dores,
nos apresentaremos a nós...
...a maior aventura e desafio é a busca de si mesmo...
terça-feira, 18 de agosto de 2009
DERRADEIRA LUCIDEZ *
no catre da dor
anseios voos
meneios reflexos
somente instantes
presentes ou ausentes
no cair em si
rastros que se perderam
asas que não voaram
emoções não compartilhadas
momentos derradeiros
ilumina-se por inteiro
rasgos de estranha lucidez
contato com suas miragens
contorcendo-se em dores
manifesta a essência
desnuda de alegorias
de vernizes artificiais
face humana, crua
estertores, gemidos
cruciais torturas
um corpo hirto...
...momentos extremos, incabíveis conveniências, um Ser diante ao inexorável, sem mesuras, sem cordialidades...
ANDANÇAS*
soco no estômago
um oco ruído
falta de ar
verdades engolidas
mesmo inaceitas
veredas da sedução
subir ou descer
virar ou continuar
uma bússola biruta
caminhar trôpego
audaz apenas no olhar
chamamentos à razão
a vida queimando
corroendo sofrendo
embutida sentida
vivida expiada
malamada
nuances nas cores
lilazes vivazes
arco-íris em névoas
trevas no meio do dia
um Ser
caminhada
jornada ao léu
um resto
cacos
fragmentos
um norte obscuro
um sul mistério
morte anunciada...
...do fel das sensações, nuances em cores, dores...
domingo, 16 de agosto de 2009
R A Z Õ E S *
se resta um caminho
poderemos segui-lo
ou estancar
deixar que ventos
folhas e o tempo
deixem estar
podemos caminhar
e disso fazer um rumo
sem questionar
deleitando em minúcias
a paisagem mutante
o sol tórrido do dia e a lua, ás vezes
não basta a inércia do corpo
a mente tem vida própria
alça voos e pede mais
mais que estradas
caminhadas
a dar em nadas
ela fervilha
se inquieta
anseia mais que um rumo...
...em nós germinam as inquietações que nos propulsionam a andar...
sábado, 15 de agosto de 2009
NASCER DA MENSAGEM*
plasmada do abstrato
pedindo para existir
invísivel, imperceptível
emoções repentinas
observações sutis
etéreas insinuações
um rasgo no ar
dissoluta dessinforme
uma essência
desafio a materializar
buscas de cores e formas
símbolos que a desenhem
sem tirar nem por
a preserve inteira
dificil é transmitir
sua alma inquieta
suas multifaces
em muitos sentidos
um respirar, alento,
impressões devaneios
a brotar, por fim, em palavras...
...por vezes, dicionarizar sentimentos, é um parto de grandes riscos...
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
EM CENA*
que entre a luz
incomode os olhos
inertes sonados
invada ilumine os cantos
amuados em lamentos
tisnados pelos prantos
quero vento na cara
pessoas e alaridos
brisas e gemidos
quero as dores
dantescas
em cores odores
não quero fugas
ser trânsfugas
anseio a crueza
não telas oníricas
perdidas soltas
folhas aos ventos
quero sangrar
minhas feridas
engalfinhar-me com a vida
gemer, sofrer,
fugir...
não mais !
FOLHAS AVULSAS*
de tudo vivido
diluídos vestígios
passado
sem traumas
mágoas dramas
más lembranças
restos amarfanhados
amarelados registros
dispersos no diário
veleidades
aventuras
desilusões
passagens
capítulos superados
acasos...
terça-feira, 11 de agosto de 2009
AUSÊNCIAS*
não se minguaria a vista
a perder-se no horizonte
em devaneios distantes
trazendo na mente
em viagens ausentes
inerte o corpo presente
no olhar de quem passa
apenas um homem parado
não se cogita de seus sonhos
em plagas longínquas
alheio à rotina
navega em claras águas
avista-se outros portos,
paragens diversas,
ilhas desertas
a nau é já o pensamento
o pensador um barco, uma ave
arremedo em voos ou sobre ondas
aos transeuntes
um lunático
nos olhos d'alma um navegante...
...além do cotidiano insosso um horizonte fantástico que a mente visita...
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
TRISTE ALEGRIA*
nascida nos olhos
desnundando expondo
duas gotas brilhando
infrene emoção
inútil ocultá-la
denunciada molhadas
lágrimas extravasadas
transbordadas inundando
a fazendo linda chorando
alma translúcida
trazida revelada
ofertada luzidia
choro manso
brando
triste alegria...
sábado, 8 de agosto de 2009
D Á D I V A S*
pior que noites de intensas trevas
é o não sentir, o deixar-se ir alhures
renegado de si, destituído de sonhos
nada deve haver de mais cruel
que a mente acossada culpada
verdugo implacável sem tréguas
é a morte pedindo clemências
para a ausência no absoluto
o insone necessitando dormir
diante a tantas atrocidades possíveis
manso e acolhedor é o sol que resplandece
a lua que enfeita as noites com as estrelas
a água pura que sacia a sede
olhos que tudo enxergam
pele que tudo registra
passos seguros na caminhada
máquina fantástica humana
dádivas da vida desprezadas
dá para entender a magia de viver
de Ser e de sentir
alegrias por existir...
...um tributo à L U Z ...
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
GRITOS MUDOS *
da tribuna
à platéia
ausente
meus ecos
retumbam
indiferentes
irados
brados
lamentos
incertas
certezas
dúvidas
discursos
pusilânimes
desencantos
ao inerte público
meus gestos
nulos
desfolho
lágrimas
enganos...
...brados aos ventos, ápice da inconsciência, realidades ou demência ?...
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