MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
CRIANÇAS ADULTAS
infâncias sem magias
adultos prematuros
com medo de escuro
em noites nebulosas
chorosas por dentro
carentes de afetos
valentes na embalagem
Seres crescidos
esquecidos de si
postergando alegrias
inflexíveis discursos
trajetórias em desvios
certezas incertas
imatureza de cárater
tiranos em si mesmos
incapazes de sorrisos
de perdoar se perdoando
sufocando os próprios sonhos
pequenos em disfarces de crescidos
seus dias taciturnos desconfiados
sorrisos apagados temerosos
infâncias suprimidas abreviadas
vidas sem memórias afetivas...
domingo, 27 de setembro de 2009
C R E S C I M E N T O
voltas vividas
cicatrizes
no corpo
sinais n'alma
estigmas na matéria
no tempo apagadas
esmaecidas na memória
na essência perduradas
são cacos destroços
espinhos no caminho
dores da evolução
polidas pedras brutas
lágrimas vertidas
doridas lembranças
íntimas a cada um
desafios interiores
não partilhados
fantasmas a exorcizar
lições e ensinamentos
verdades perseguidas
superação e enlevos...
...as dores como ferramenta, a superação e o crescimento como metas...
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
A L É M ...
como se fora a vida
minguar de repente
num sopro expirada
vento brando nas cortinas
ares rescendidos
no ambiente,ausente,
distante, vestígios
respirados exalados
fluídas lembranças
traços indefinidos
nostalgias impregnadas
abstrata presença
livros desarrumados
desordens
saudades
vontades e anseios
cenário desabitado
denotando rastros
de uma despedida
recente, desprevenida
alçando voos
indecisos
imprecisos
como passos primeiros
larva mariposa
corpo espírito
finito a dar adeus
infinito a percorrer...
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
COLHEITA *
terra que não for
revolvida, molhada,
visitada por minhocas
adubada em estercos
malhada de sol a sol
em esmeros cultivada
não estará cativa
receptiva
a ser engravidada
acolher no ventre
sementes crescentes
em flores
e frutos
suores mesclados
chuvas promissoras
jardins em flor
colheitas prósperas
alimento saudável
produtos da labuta
safras abundantes
fartura abençoada...
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
DROGA CONSENTIDA
dias há
finitos, confinados, restritos
em si e em seus limites;
é apenas um período de tempo
que teremos que suportar
noutros há magias
a mente doidivanas
fantasia criando, voando, inquirindo
como criança nova a perguntar
de tudo, curiosa e atenta...
são fugas, não sei, não interessa,
formas, talvez, de vivermos colorindo
a vida, como o afâ de um cozido necessitado
de temperos para aguçar o paladar...
não fossem os sonhos
seríamos trânsfugas
suícidas e lunáticos
imaginação é droga
permitida, não vendida,
todos a temos em reserva...
terça-feira, 15 de setembro de 2009
PARTO POÉTICO
navalha cortante na pele macia
resvala e fere, macula e geme,
são espinhos das nostalgias
saudades como urtigas
cultivo de jardins floridos
como podemos versejar
sobre tantos riscos
o de sofrer, por exemplo,
quando poderíamos tomar
um calmante ou um sorvete
ou mesmo uma bebida ardente ?
talvez gostemos de andar
no fio da navalha, fustigar
feridas, extuporar tumores,
amargar desventuras
para, enfim, trazer alguma luz
em palavras escritas
na introspecção que incendeia
as veias ardem pela pressão
do sangue que se agita
buscas expressas em imagens
toscas verdades
para, depois de concebida,
divulgada ou esquecida,
parecer como algo estranho
de alheia origem, deserdada,
quando notada nos é estranha
já foi parida, sofrida, bastarda
perdeu a emoção da construção
tijolo a tijolo, adquiriu contornos,
se delineou, ganhou liberdade,
interpretada livre em cada imaginação,
filha da vida, assumida maturidade
já não nos pertence mais...
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
ECOS DA EMOÇÃO
flor tecida em palavras
cultuadas introspectivas
escolhidas, refletidas
viram mensagens
poemas, canções
serão lidas,ouvidas
alhures
em outras plagas
vagas renascendo
em outras emoções
em linguagens e sons
de alma a alma
transpiradas emotivas
sensitivas melodias
do eterno Ser
a todos os demais
na composição urdida
cosida em versos e prosas
que encantam e suspiram
ecoando nos ares sentires...
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
TERAPÊUTICA
como ondas assustadoras
ruins, malévolas tormentas,
tisnando o claro do firmamento
desalentos, asfixias,
humores tumultuados
prostrados em letargias
brisas suavizam sentimentos
contemporizam sofrimentos
trazem luzes e alentos
faz-nos observar atentos
a beleza das árvores
sacolejadas nos ventos
das dores à euforia
ir e vir de sensações
da introspecção à alegria
dosagens na passagem
passos e aprendizados
bençãos nesta viagem...
...ânimos recobrados na contínua caminhada ..
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
MOMENTOS NA LUZ
ah, sensação da luz !
quero retê-la
contê-la em mim
fugazes instantes
alma manifesta
luzes e bençãos
e o Todo e suas partes
num conluio composto
se expandem
já não é o individual
está multifacetado
todos em um só
os poros abertos
da sensibilidade
silêncio de oração
o mundo percebido
além dos sentidos
irmandade respirada
adeus hipocrisias
abro as mãos sovinas
aspiro ao Universo
íntimos segundos
nuances de sensações
o amor está presente
na sua inteireza
desprovido de amarras
incondicional e fraterno
dê-me tempo
deixe expressar
este sentimento
antes que volte
a rotina dos dias
e minha aura se apequene...
...instantes em que as amarras do restrito se expandem, voam em luzes...
sábado, 5 de setembro de 2009
FINITO PRESENTE *
o sentir do finito,
reluz o presente,
que será passado,
que será distante,
que será saudades
importa vivê-lo
ânsia da ausência
futuro da distância
retê-lo no instante
recordá-lo no amanhã
revivê-lo na lembrança
tê-lo intenso, vivências...
...o hoje fugaz, breve será passado, saudades...
ALMAS LIDAS *
imersões clandestinas
em alheios universos
captando emoções
colhendo em jardins
flores e espinhos
solerte, enigmático,
oculto,esgueirando
extasiado em cores
odores e sabores
em estranhos sítios
infantil, pueril,
desnundando
atrevido
outros mundos
expostos, deliciosos
penetrando intimidades
sorvendo a essência
de sorrisos e lágrimas
amores e desamores
enlevos e cicatrizes
que bela, extensa,
infinita, robusta,
a alma humana
apreciada, degustada,
em versos e prosas !
...deleites em devaneios na apreciação de sentimentos expostos em versos e prosas...
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
TEMPOS DE IRA
o falar silenciado e palavras controladas
análise das canções mensagens cifradas
entremeio das notícias e falas truncadas
texto escrito relido reflexivo contido
dos sussurros de prisões hediondas
vivia-se espremia-se desconfiava-se
salas de aulas nada além das matérias
nos incultiam maravilhas verde-amarelas
disciplinas mantra da subserviência
greve anomalia social passível de subversão
generais e vozes pastosas olivas uniformes
paradas militares dias cívicos e obrigatórios
assim seguia meu País sob baionetas e fuzis
gerações atrofiadas silenciadas bestializadas
nos bancos escolares o bê a bá das censuras
realidades fabricadas manietada a imprensa
artistas,operários,marias,josés,putas, todos
viviam sob o guante da força bruta instalada
pouco se falava menos se escrevia
ruas casas teatros bares e escolas
medo nos dominava e enceguecia
se alguém soube demais ousou dizer
ninguém mais sabia aonde ele estava
e tudo era medonho tristonho militar
livros duplas capas
ocultos e suspeitos
leituras e segredos
terríveis hipocrísias funestos tempos ira
a nação esvaía-se esbaldava falsa moral
orgias e saques (c)omissões consentidas
sejam sepultados tiranos de todas as épocas
no estrito cumprimento de suas atrocidades
negam justiça,alheios à paz aniquilam vidas...
Nesta semana da pátria, republico este poema, trazendo à lembrança gerações reprimidas, na neura da defesa da liberdade com a supressão da mesma, nas torpezas próprias de qualquer sistema totalitário... As violentas ditaduras que assolaram a América do Sul, matando, violentando todos os direitos individuais, serviram para entregar estes países a interesses estrangeiros ( notadamente EUA), o propalado Milagre Econômico dos anos 70, ampliaram terrivelmente nosso endividamente externo e o pagamento dessa dívida foi pago aprofundando a nossa herança de desigualdades sociais abissais. Que não mais tenhamos a intolerância daqueles dias, a Democracia, com todas as suas imperfeições é infinitamente melhor que a Tirania...
E V A D I N D O
foge-nos, por vezes, os sentidos
voam de ambientes em momentos
despertados por sensações e motivos
um cheiro no ar, uma palavra,
instantes remontam a outros
memória destravada
pronto, estamos ausentes !
vagamos em reminiscências
alheios à situação, indiferentes.
inoportuna visita
expressando distância
a interlocutor que assista
só nós sabemos, ensimesmados,
em íntimos mergulhos
onde estávamos embrenhados
levada de inopino
a outros cenários
corpo fixo, alma sumindo...
...inoportunas lembranças nos levam a outros cenários, alheios ao momento...
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
C E R T E Z A S
na convicção das rotinas
tecendo passos habituais
lida vivida em calmarias
nos zelos ritmados ensaiados
de cada dia previsível
voar só em sonhos ressabiados
certo como o folhear do calendário
costumeiro como o guarda chuvas
nas eventualidades sem horário
o tempo incansável habitual
na ampulheta modorrenta
novo só em notícias de jornal
na cálida tarde se expunha
movimentos sincronizados
um homem pára, se extenua.
sua vista turva
vacilam as pernas
a mente se conturba
era hora da ida
despedidas
naquele dia
a rotina se alterou
sua certeza diversa
da habitual, se apagou...
... no meio da tarde, cativo pássaro alçou voos...
terça-feira, 1 de setembro de 2009
L U Z E S *
clarão irradia
espanta sinistros
fere a melancolia
nascida no poente
expulsando trevas
vida nascente
calor, louvores,
alquimias nas plantas
clorofila em verdores
lembrando reinício
ressurgidos alentos
minando malefício
inundando labirintos
cantos e vãos
luzes nimbando abismos
se a luz ora se esconde
não se desepere,acalente
o alvorecer no horizonte...
...esperanças trazida nas luzes de um novo dia...
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